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Espaços coletivos de trabalho crescem e se diversificam


Mesmo com a recessão que afetou o país, e da qual só agora se ensaia uma retomada, um setor não sentiu os reflexos desse momento conturbado. De acordo com o Censo Coworking Brasil 2017, do ano passado até agora, o número de espaços coletivos de trabalho deu um salto de 114%. Ao todo, o país reúne 810 áreas desse tipo. Desses, 78 estão no Estado do Rio, sendo 71 na capital. São Paulo concentra o maior número: 336. Segundo a pesquisa, R$ 82 milhões foram movimentados em 2017, 3.500 empregos diretos e indiretos foram criados e, em média, 210 mil pessoas passaram mensalmente pelos espaços.

 

Agora, o modelo entra numa nova fase. Segundo Fernando Aguirre, cofundador do Coworking Brasil, que realiza o censo, espaços que começaram estão agora crescendo com novos contornos. "Uma outra mudança que já pode ser vista é a dos espaços que começaram como coworking e diversificaram."

Foi o que aconteceu com o Templo, em Botafogo, primeiro espaço de coworking do Rio, aberto há cinco anos e por onde já passaram mais de mil empresas. De lá para cá, outra casa foi aberta, dessa vez na Gávea, um braço de conexões internacionais, o Journey, surgiu, e a Malha, que reúne coworking, ateliês, lojas pop up e showroom coletivo, entre outras iniciativas, foi inaugurada em São Cristóvão.

"Nos transformamos em um clube para criativos e empreendedores trabalharem. Hoje, somos uma rede aberta de inovação e conectamos empresas, profissionais, academia e governo", conta Herman Bessler, cofundador dos projetos, lembrando que os espaços colaborativos têm papel fundamental na transformação cultural e social da cidade. "O mix de empresas traz novos arranjos, com capacidade alta de transformação, de troca de conhecimento e diminuindo o custo de quem quer inovar. Além disso, tem potencial para ajudar a restaurar a economia do Rio e a levar a outro patamar".

É o que pretende Ticiana Oppel, que, com a sócia Renata Dória, acaba de inaugurar a Fabrica 955, no Maracanã. Donas da produtora 2 Baianas, elas estão transformando uma antiga fábrica de roupas em um espaço com coworking, cursos e palestras.

"A ideia é que as pessoas compartilhem saberes. A região é carente de espaços como esse, mas tem universidades perto, a comunidade da Mangueira, e nós buscamos essa democratização. Numa crise ou temos um olhar otimista ou ficamos paralisados. É hora de respirar fundo e apostar."

Influência em políticas públicas
A democratização foi uma das inspirações para que a Casa Brota fosse criada no Complexo do Alemão.

"Vimos que não tínhamos um espaço coletivo e agora é lá que fazemos produção audiovisual, reuniões, tocamos projetos sociais e culturais. Há uma parceria, e a casa hoje é mais que um coworking", diz Daiene Mendes, que fundou o projeto de leitura Favelê e faz parte da casa.

Para Manuela Yamada, as novas economias podem ajudar o Rio a se reinventar. Cofundadora da Goma, coletivo de empresas de impacto social, e da Matéria Brasil e copresidente do ColaborAmerica, ela acredita que, além de fomentar negócios, o conceito de colaboração deve ser decisivo na definição de políticas públicas para várias áreas: "As novas economias trabalham com escala de acesso e transparência. Pessoas no mundo todo experimentam formas de administração pública, de inovação aberta, repensando o papel do cidadão".

Manuela lembra que cidades como Londres e Paris têm incentivado cada vez mais ações colaborativas em diversas áreas, da mobilidade aos imóveis. Em novembro, o ColaborAmerica, evento que debateu novas economias, reuniu mais de três mil pessoas no Rio.

Pedro Waengertner, da ACE, a maior aceleradora da América Latina, também aposta no potencial da economia colaborativa para o Rio sair da crise. Ele acredita que iniciativas como a Oito, um hub de empreendedorismo e inovação, podem contribuir para uma nova cultura. O espaço foi inaugurado pela Oi, em novembro, sob supervisão do Instituto Gênesis. Conta com a parceria de empresas como IBM e Oracle, e terá coworking para startups.

"A ideia é juntar todos os agentes no mesmo espaço. Queremos incentivar soluções para a cidade", conta Alexandre Castro, da área de Inovação e Novos Negócios da Oi.

Segundo Aguirre, do Coworking Brasil, espaços compartilhados são uma opção para quem está começando:

"Empreender no Brasil não é fácil, mas esse é um modelo flexível e de baixo risco. A empresa ou o trabalhador aluga o espaço, a mesa é compartilhada e, se não der certo, fecha. Não tem multa, fiador ou espaço ocioso. Acredito que o mercado, mesmo com a crise, cresceu por conta disso", diz Fernando Aguirre, cofundador do Coworking Brasil, que realiza o censo. "Mas não acredito num único fator para esse crescimento, e vejo que o país tem potencial para mais. Na verdade, mesmo os mercados mais maduros como Europa e EUA vêm crescendo."

Aguirre lembra que até empresas já estabilizadas têm procurado esses espaços: "Elas chegam interessadas no ambiente inovador. A Microsoft decidiu levar parte da equipe para espaços de coworking. E essa é uma equação que os donos dos espaços vão precisar equilibrar. Uma empresa já estruturada traz fluxo de caixa, mas ela está ali por conta da inovação, por conta do espírito que os independentes têm."

 

Fonte: https://epocanegocios.globo.com/Empresa/noticia/2017/12/espacos-coletivos-de-trabalho-crescem-e-se-diversificam.html

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